segunda-feira, janeiro 22, 2007

Pequenas considerações sobre uma grande cidade


E o Rio de Janeiro continua lindo. O Rio de Janeiro continua sendo... absurdamente contraditório! Tudo e nada ao mesmo tempo. Riqueza e pobreza lado a lado. Numa movimentada avenida é possível visualizar pessoas de terno e banhistas, executivos e bandidos, madames e prostitutas, todos na mesma calçada, como se estivessem caminhando para o mesmo destino. Todos abençoados por Deus nesta terra bonita por natureza.

O Méier, situado na zona norte da cidade, faz parte do subúrbio carioca. Em um rápido passeio pelas ruas do bairro identificam-se em grande quantidade farmácias, bares e templos, não necessariamente nesta ordem. No mesmo passeio foi possível passar em frente à delegacia do bairro com as vias de acesso bloqueadas por viaturas; a fim de impedirem os ataques freqüentes que estavam sendo vítimas as delegacias cariocas.

Saquarema está para o Rio como Tramandaí está para Porto Alegre. Com exceção da água, lógico. Praia dos surfistas e pra quem busca algum descanso do cotidiano estressante. Saquarema do psicodélico Serguei ( alguém lembra?), roqueiro brazuca que teve um relacionamento com Janis Joplin. Pois saibam que esta lenda viva do rock é cidadão honorário de Saqua.

Copacabana é glamorosa, abundante. A Av. Atlântica é o bairro dos grandes hotéis. Turistas por todos os lados. Tem mais gringo no calçadão que brasileiro. Mas o pessoal do morro do Pavão/Pavãozinho também marca presença. Ipanema é mais aconchegante, acolhedora. Faz jus à sua fama de praia de lindas mulheres, apesar de ainda preferir as gaúchas. Questão de gosto. O Leblon ainda fica na minha memória como o bairro da novela das oito. O Arpoador lembra grandes shows do rock nacional no passado, mas hoje parece-me um local para surfistas apenas. E foi possível testemunhar a mania dos cariocas de aplaudir o pôr-do-sol. Aplaudir pôr-do-sol é tão brega como aplaudir aterrisagem de avião, disse certa vez Diogo Mainardi. E ele me parece correto em sua observação.

Têem medo os cariocas. Bastante. Não a ponto de deixarem de aproveitar a vida noturna, os passeios, mas cercam-se de cuidados. Porque a bala perdida sempre acaba achando alguém. Mas aqui também não é diferente. A cidade ainda guarda alguns cacoetes de capital federal. Alguns ( poucos ) órgãos estatais e empresas públicas federais ainda tem sede no Rio de Janeiro, como a Radiobrás, Petrobrás, etc. E como falam os cariocas! Gostam tanto de falar, gesticular que as mesas dos botecos não possuem cadeira. Tem apenas uma estrutura mais alta que as mesas convencionais, suficientes para comportar alguns copos de cerveja. Detalhe, copos de boteco mesmo, baixinhos, pois de acordo com a filosofia carioca o copo tulipa deixa a cerveja esquentar. E infelizmente, lá realmente não tem Polar, hehehe. Todo o carioca é um sociólogo em potencial. Todos mesmo. Qualquer um com quem você converse tem uma teoria pronta na ponta da língua para todos os males que afligem o estado. E sabe o que é mais impressionante? Você concorda com todas elas! Sério. Daí acabava me perguntado como puderam os cariocas elegerem políticos tão ruins durante tanto tempo? Novamente, cada um tinha uma resposta... e eu acabava concordando...

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