quarta-feira, agosto 29, 2007

Guinadas Estratégicas


As grandes corporações começam a vivenciar o início de uma nova fase no seu ambiente de negócios, e, por que não dizer, uma nova fase do capitalismo mundial. Nesta nova fase, em que grandes corporações concorrem diretamente por um crescente mas ainda reduzido números de consumidores, tendo a concorrência como um definidor de extrema importância para garantir a longo prazo a solvência das empresas. Neste ambiente de acirrada competição, é saudável percebermos o surgimento de um consumidor cada vez mais exigente, consciente e até engajado. Tal comportamento assumido por este consumidor era previsto na medida em que o sistema capitalista solidifica suas bases e sua natureza competitiva, e acaba por influenciar de maneira decisiva nas estratégias empresariais de qualquer organização.

Essa mudança comportamental por parte do consumidor tem refletido diretamente na atitude das empresas. Exemplos como a Nike, constantemente alvo de reclamações pela utilização de mão-de-obra escrava e muitas vezes infantil nas empresas terceirizadas de sua linha de produção, principalmente em países asiáticos. Tais procedimentos empresariais não condiziam com a imagem publicitária que a empresa buscava transmitir, causando grandes estragos em sua imagem. Em 2005, a empresa passou a identificar em seu balanço social todos os seus fornecedores, procurando desta forma dar maior transparência de suas ações com a sociedade, evitando, logicamente, aquelas empresas que utilizariam mão-de-obra infantil ou escrava em seus trabalhos. Tal procedimento ajudou a resolver parcialmente o problema, visto que a baixa remuneração dos trabalhadores nestas fábricas ainda persiste, e os custos com a melhoria de fornecedores foram automaticamente repassados aos produtos.

A General Motors, vislumbrando a nova tendência do “ecologicamente correto”, passou a utilizar tecnologias “limpas”( verdes) para reduzir o efeito estufa, dentro de um programa chamado Ecomagination, que obteve investimentos superiores a 1,5 bilhões de dólares. Como diz o vice-presidente mundial de GE: “Green is green”, ( verde é verde), numa alusão ao verde ecológico e o verde das notas americanas.

A Unilever na Índia recentemente lançou uma nova versão de uma marca de xampu, voltado para a classe de baixa renda. Tal projeto foi um sucesso absoluto, e vem de encontro aos ensinamentos do mais importante guru dos negócios modernos desde a morte de Peter Drucker, C.K. Prahalad, criador da corrente que utiliza a base da pirâmide ( classes baixas) como forma de crescimento e distribuição de seus produtos. Nada do que as Casas Bahia já não utilizem há décadas. O novo deste formato talvez seja a utilização do conceito de que permitir o acesso destes novos consumidores a produtos até então restritos a classe média constitui-se em uma inédita inclusão social por parte destas empresas, fornecendo a estes consumidores mais do que os benefícios do produto, mas também dignidade. Algo como um novo capitalismo inclusivo.

A rede varejista Wal-Mart, controladora no RS da marca BIG e Nacional; também entrou nesta nova tendência do mercado. Em uma de suas ações, anunciou a intenção de reduzir a emissão dos gases que causam o efeito estufa em até 20%, bem como a intenção de seguir uma linha de padrões sócio-ambientais, processo estendido aos seus fornecedores. A melhoria dos planos de saúde de seus funcionários também foram alvo de ações, visto que a empresa é constantemente criticado pelas más condições de trabalho de seus funcionários.

A rede de lanchonetes MC Donalds, que era alvo freqüente de “denúncias” por razão de seu cardápio ultra calórico, passou a adotar uma postura de livre escolha em suas lanchonetes, onde já é possível encontrar produtos como sucos naturais, frutas e saladas em seu cardápio.


Portanto, as organizações que terão mais chances de sobreviverem a este novo ambiente de negócios serão aquelas que, além de produzir ou executar produtos ou serviços de qualidade a preços que o mercado esteja disposto a pagar, o fizerem respeitando os direitos individuais do ser humano, sem ferir normas de conduta consideradas a aceitas como ética e responsáveis. Apesar destas atitudes serem vistas com reservas por seus críticos, como ONGS e acadêmicos, que reivindicam uma postura mais incisiva por parte das empresas nestas questões, colocando em dúvida o real comprometimento destas, no receio de que estes projetos sejam abandonados na primeira crise financeira por qual passem estas empresas.

Fica a questão. Estas práticas vieram para ficar ou serão apenas mais um modismo?



Obs: Análise efetuada a partir do texto "Guinadas Estratégicas"

Venezuela: Autoritarismo, RCTV e Atum


Já escrevi aqui que o presidente da Venezuela Hugo Chavez e seu colega boliviano Evo Morales eram ditadores disfarçados de democratas, e que estariam conduzindo seus países a uma inevitável ditadura. Pois bem, o presidente Hugo Chavez recentemente deu a maior prova disto. Através de uma justificativa esdrúxula ( o apoio ao golpe que depôs o presidente por um dia em 2002), a maior rede de televisão venezuelana, a RCTV não teve seu contrato de concessão renovado pelo governo chavista. Aqui no Brasil seria como se o presidente Lula fechasse a rede globo.

Não há justificativas para tal atitude. A briga entre RCtV e Chavez é antiga. E os motivos assinalados só teriam validade ( se é que teriam) se o presidente venezuelano fechasse a emissora na época da frustrada tentativa de golpe. Não me perguntem onde fica a liberdade de expressão neste caso. Penso que Chavez ainda não tivesse na época todo o poder que possui hoje na Venezuela, onde controla além do executivo, o legislativo e o judiciário, além de considerável apoio popular. Segundo a lógica chavista, aqueles que estão contra o governo estão contra o povo e a favor das oligarquias nacionais, que desde os tempos remotos exploram o povo da Venezuela...blá, blá, blá... , parece que já ouvimos isto por aqui, não?

Protestos foram realizados, estudantes, jornalistas, populares e outros manifestantes foram presos. Mas apenas aqueles que protestaram a favor da RCTV, os demais que apoiavam Chavez não tiveram qualquer problema. Hoje a liberdade de expressão na Venezuela é permitida desde que ela não interfira nos interesses do governo, hoje o grande censor da mídia. Lula tentou algo parecido, com a tentativa de criação da FENAJ, a tenta novamente com a comissão que irá definir a censura nos programas da televisão brasileira.

E com pesar que li há algum tempo um infeliz artigo do ex-deputado petista Marcos Rolim, que, adivinhem, defende a postura do governo da Venezuela. Aquele papo que estamos cansados de saber, que a tv é uma concessão pública, que tem que servir à sociedade, ser educativa, etc. Só falta combinar com o povo. Se o povo quisesse cultura, a Tv Futura e a TV Cultura bateriam recordes de audiência. Mas o povo não sabe o que quer, dizem os gênios, o povo é alienado, fruto da mídia burguesa que não quer que o povo pense. E o que eles querem? Na verdade, querem definir o que VOCÊ deve assistir. Porque você não teria condições de saber o que é bom e o que é ruim, apenas os iluminados sacerdotes da sabedoria por eles definidos ( e com eles afinados, se é que me entendem).

A democracia para estes canalhas é a democracia DELES. Se você não pensar como eles, ou você é burguês ou é alienado. Só falta agora criarem os gulags latino-americanos. Está em andamento a instalação da ditadura populista latina, chamado por eles de democracia socialista popular. Inicialmente na Venezuela e não se assustem quando aparecer por aqui.

Vamos ficar apenas assistindo. Até quando?

Isto é mais grave do que muita gente pensa



A propósito, recentemente o Peru foi abalado por um forte terremoto, e nosso sósia de Fidel enviou ao país uma ajuda humanitária; caixas de atum com a embalagem contendo a imagem de Chavez e HUmala ( seu aliado no Peru), em escancarada e inoportuna propaganda. Vejam vocês, esse pessoal não respeita nem as vítimas de uma tragédia.