quarta-feira, agosto 23, 2006

Yeda Crusius



Parece-me a mais preparada para o cargo que postula. Com postura séria mas incisiva, Yeda afirmou que promoverá mudanças estruturais para lidar com a crise do Estado. E isso é fundamental para o momento em que estamos vivendo, mas a candidata precisa expor com mais clareza quais seriam estas reformas. Teve embates com o governador Rigotto e não aceitou ser vinculada ao governo anterior, que tinha como vice Antonio Holfeld, que era de seu partido e agora está no PMDB. Teve ainda que debater com o inexpressivo Robaina que afirmou que a candidata jamais teve que conviver com o slário de 600, 700 reais que recebe um professor. Yeda afirmou que trabalha desde os 16 anos quando seu pai perdera todos os bens. Está ganhando muitos votos de Rigotto, mas dificilmente ganhará os de Olivio. Por isso a briga pelo segundo turno se dá entre Yeda e Rigotto. Yeda precisa ainda destruir a imagem de arrogância que lhe foi injustamente atribuída, e revelar sua personalidade de administradora competente e dinâmica, capaz de conduzir o Estado numa de suas etapas mais difíceis de sua história.

Roberto Robaina



Roberto Robaina ainda é um militante estudantil. Exibe o discurso fácil contra a globalização e o neoliberalismo como responsáveis pelos problemas da nação. Prometeu que se eleito irá criar uma nova empresa de transporte na região metropolitana. Afirma que o Estado terá maior arrecadação se fiscalizar mais e punir os empresários corruptos que financiam os grandes partidos. Esquece que os maiores escândalos de corrupção sempre envolveram empresas estatais. E alguém precisa avisá-lo que para expor uma idéia e ser convicente não é necessário falar em um tom alto. Soa desreipeitoso. Tenta sem sucesso vincular sua candidatura à de Heloisa Helena. Quando questionado sobre com que quadros o PSOL governaria o Estado, mudou de assunto e continuou o seu discurso vazio e que não cola mais, como bem lembrou Yeda.

Olivio Dutra



O candidato do PT ao governo agora é um homem tranquilo. Nada lembra do candidato que criticava o privatismo de Britto e que colocou a Ford para fora a pontapés do Estado. Terá sido a sua discreta participação no Minsitérios da Cidade? Ou os escândalos do seu partido? O fato é que Olivio criticou sim o atual governo Estadual, mas de forma branda. Disse estar preparado para o desafio de voltar a governar e que as interpéries da natureza que o governo Rigotto foi vítima fazem parte da vida pública e que ele não tem medo de administrar o Estado nestas circustâncias. Para vencer, Olivio terá que ganhar eleitores qie não são do PT. Ele já está no teto de eleitores petistas que votariam em qualquer candidato da sigla. O velho exemplo do galo missioneiro parece esgotado. Vai ter que criar novos factóides e não poderá usar a confortável situação de culpar o governo federal por tudo. E não deve cair na falácia de atrelar a imagem do presidente Lula à sua, o que funcionaria bem no Nordeste, mas aqui no Sul não lhe traria votos.

Germano Rigotto


Germano Rigotto foi o alvo preferido dos adversários, o desgaste de ser governo e liderar as pesquisas de opinião contribuiram para isso. Foi questionado sobre a crise financeira do Estado. Cavalheiro, novamente lembrou a estiagem que destruiu a agricultura gaúcha em 2005, mas vai precisar mais do que isso para manter-se na dianteira. Rigotto cometeu o pecado de não informar à população o rombo nas finaças públicas na época de sua posse. Tem ainda parte do empresariado que não aceitou o tarifaço promovido pelo seu governo no aumento da alíquota de ICMS. Tenta manter o estilo agregador característico de sua campanha, mas a crise do Estado vai acabar falando mais alto. Pode perder votos para Yeda, que está acesdente nas pesquisas eleitorais.

Francisco Turra



Turra é relativamente conhecido no Estado, principalmente no agronegócio, mas sua candidatura já demonstrou que não decola. Limitou-se a fazer tabelinha com Yeda e defender seu colega de partido, José Otávio Germano das críticas da segurança pública.

Edison Pereira



Outro que não faria falta se estivesse ausente. Não é preconceito, mas um debate deve primar pelo interesse do eleitor, e que interesse o eleitor tem na candidatura dele? Mas Edison Pereira veio armado pro debate. Provocou os adversários Rigotto, Olivio e Yeda. Desceu a pau no debate eleitoral "vazio" na sua opinião. Prometeu também rever todos os contratos das concessionários de pedágios e prometeu um calote nas mesmas. Não estava para brincadeira, não.

Beto Grill



O que fazia Beto Grill no debate? Nem deveria ter sido convidado, gente demais atrapalha, disvirtua o debate, estava ali para servir de apoio para Olivio. Elogiou o governo Lula, mas não apresentou nenhuma proposta. Já entrou na disputa para perder.

Alceu Collares



Raposa velha, cancheiro, peleador, não faltam adjetivos à Collares. O candidato do PDT é dono das melhores tiradas no debate. Provocando risos na platéia e nos próprios candidatos, Collares discursou à vontade sobre o que quiz, "É o negão que fala agora, né?" teria dito mais ou menos desta forma para Roberto Robaina. Insistiu no PIB do Estado, que teria maior crescimento no seu governo . Não foi questionado profundamente sobre seu governo, pois é considerado fora da disputa pelos adversários em razão da sua fraca intenção de voto nas pesquisas.

Debate TVCOM


O debate promovido ontem à noite pela TV COM no Teatro da AMRIGS não teve qualquer situação que merecesse algum destaque, ou que se diferenciasse dos debates políticos já realizados em outras épocas. O politiquês continua dominando a pauta dos candidatos e é quase impossível arrancar alguma informação que possa ser útil ao eleitor. Existem candidatos que têm os números na ponta da língua, o que não quer dizer muita coisa. Primeiro porque o eleitor dificilmente nota a diferença entre afirmar que certo projeto custou 10 ou 100 milhões. E outra que números e estatísticas lançados ao ar podem e são facilmente manipuladas de acordo com o desejo do interlecutor. Já outros candidatos simplesmente usam o tempo que lhes é disponibilizado para fazer discurso em frente às câmeras, ignorando solenemente o que lhe foi perguntado. Respostas pragmáticas e objetivas então, nem pensar.

Por isso que a repercussão do Jornal Nacional tem sido positiva. Os jornalistas ao questionarem os candidatos à presidência o fizeram e exigiram respostas claras, diretas e objetivas. E selecionaram perfeitamente as perguntas para cada um dos candidatos, como a crise da segurança em São Paulo para Alckimin, os escândalos de corrupção no governo para Lula, o "conteúdo programático" do partido para Heloisa Helena, etc. Finalmente o brasileiro conseguiu assistir a um jornalismo sério e implacável com os políticos, como sempre deveria ocorrer. Os 10 minutos, que depois viraram 12 no Jornal Nacional custou bastante aos candidatos, que acharam que ganhariam um tempo privilegiado de exposição na mídia gratuitamente. O tempo eles ganharam, mas tiveram que pagar o preço.

Mas voltanto ao debate político dos candidatos ao Piratini, posso apostar que no horário político dos candidatos o partido os elevará a vencedor do debate. Nada de novo no front. De qualquer forma, vale destacar que a proposta de um debate político é sempre interessante e é preciso considerar os devidos méritos ao atual governador Germano Riggoto, que não se furtou de comparecer ao debate mesmo sabendo que seria o principal alvo de críticas dos adversários. Um exemplo para Lula, que não comparece ao debate alegando que em 98 Fernando Henrique fez o mesmo ( e foi criticado por este mesmo Lula), e ai Serra não comparece ao seu debate porque Lula não vai ao seu, e assim vão prejudicando o eleitor. É assim que querem ser democraticamente eleitos?

Mas é sempre interessante assistir a um debate político. Faço o comentário a seguir.