segunda-feira, julho 31, 2006

Ferréz e sua verborragia


Ferréz é um ativista social da comunidade do Capão Redondo, escritor e empresário( possui uma marca de roupas,a 1Dasul). Capão redondo é uma das áreas mais pobres e violentas de São Paulo. Em meio aos ataques da organização criminosa do PCC, Ferréz foi o entrevistado das Páginas Negras da revista Trip. Tomado pelo egocentrismo, o rapaz sentiu-se no direito de falar as maiores barbaridades sobre o assunto, como se o fato de morar na favela o legitimasse para apontar os "verdadeiros criminosos" do povo. Palavras contra o PCC, nenhuma. Ferréz faz o típico discurso do rapper ativista, completamente ideologizado. Mas isso eu ainda vou falar uma outra hora. Agora quero me deter em alguns pontos da entrevista. Em itálico são as respostas de Ferréz, o meu comentário segue abaixo. Preste atenção nas barbaridades que foram ditas, todas amplamente apreciadas pelos entrevistadores:

Sobre os ataques do PCC

“Fecho a loja, Ferréz?”. Eu falei: “Não fecha”. “É, mas as Casas Bahia fecharam, a Marabraz fechou, todas as grandes lojas fecharam...” Eu falei: “Elas não têm trabalho na comunidade, elas não têm legitimidade para ficar abertas. A gente tem. Então, você vai deixar aberta”. Beleza. A gente ficou aberto até oito da noite.

Veja a pretensão do moço!! Na sua concepção, como ele desenvolve "trabalhos na comunidade" sua loja tem mais direitos que outras. Com sua percepção limitada, não consegue perceber que estas lojas ditas sem legitimidade devem empregar boa parte do pessoal da "comunidade". E dentro das casas destas pessoas, todos os móveis e eletrodomésticos foram comprados pela facilidade de financiamento destas lojas. Eu gostaria de perguntar ao Ferréz onde ele arranjaria renda para o pessoal da comunidade se estas lojas fechassem. Haja oficina cultural pra tanta gente, hein?


A gente vai acordar um dia e dizer: “Fudeu!”. E, quando a guerra ficar mais forte, o cara pode ser meu melhor amigo, se ele for da elite e estiver do outro lado, alguém vai sangrar. Ou eu, ou ele. Em geral, tenho muito medo dessa tolerância do Brasil. Isso pode explodir, meu amigo, não tem quem segure.

Nossa, quanta violência. O que diriam os pais desse rapaz? É a mesma linha de outro grupo de Rap, o Facção Central. Desculpe pessoal, mas o fato de morarem em favelas não lhes dá legitimidade alguma pra falarem estas besteiras.



Sobre Lula

O cara olha e fala: “Esse cara parece mais comigo do que o outro”. Os caras daqui falam: “Ele pode até ser ladrão, mas ele se parece comigo”. O cara cansou de votar em cara com cara de professor. Esse [Geraldo] Alckmin, com esse nariz em pé dele... O cara não sabe nem falar. O Lula pode ser o que for, mas o argumento dele chega na veia, tá ligado?

Então agora mudou. Saiu o Maluf do "rouba, mas faz" e entra o Lula "rouba, mas se parece comigo". Eu hein.


Sobre educação

Primeiro é ouvir as pessoas. Você quer resolver o problema da educação? Fale com a merendeira, não com o professor. “Qual é o problema aqui, na hora da merenda?” “Ah, os alunos só vêm aqui para comer, não vêm assistir à aula, não.” Tem que ouvir o povo. Ninguém ouve. O governante escuta o secretário de Segurança, mas não o policial. É o policial que está na guerra. A educação tinha que abrir a mente do “muleque”, tirar ele da aula de matemática e levar para o teatro

Novamente mergulhado em sua pretensão ilimitada, Ferréz se acha no direito de pautar grandes temas da nação. Desculpe parceiro, mas essa sua teoria é furada. Você não fala nada de novo, não acrescenta nada. E você poderia te rnos poupado essa do teatro. hahahahaha. Agora já sabemos, nada de raíz quadrada, teorema de Bascar, Geometria, nada disso. O melhor para o país é uma série de crianças interpretando o teatro do oprimido.


Ferréz encarna com perfeição o discurso de nossa nova esquerda liberal. Critica o capitalismo, mas se beneficia dele para sobreviver, seja como escritor vendendo livros ( ou eles são distrubuidos gratuitamente?), seja como lojista, chegando a desenvolver uma MARCA ( Quer outro ícone maior do capitalismo?). Usa e abusa sobre o fato de desenvolver trabalho social, mas isto não lhe deixa acima do bem e do mal. O que seria uma implicãncia minha com Ferréz é apenas um alerta, eu sempre duvidei e duvido de pessoas moralistas ao extremo. Mas isto é outra coisa.

Boa parte desta entrevista está no site da revista Trip.

http://revistatrip.uol.com.br/146/negras/home.htm