segunda-feira, janeiro 22, 2007

Estado executor? Não, obrigado


Eu sei que estou atrasado, mas sou assim mesmo. Devagar, e sempre. Preciso dizer algo sobre a execução de Saddam. Isso é o que dá querer dar opinião em tudo. Bom, a respeito da Pena de Morte tenho posição contrária. Por questões íntimas e pessoais, não consigo conceber o Estado como instituição com poderes para tirar a vida de outrem. Não dá, não adianta. Parto do princípio que toda a vida é sagrada, sabe, aquela coisa... Ah, mas quero ver se estupram tua filha e colocam o estuprador na tua frente, quero ver o que tu faz. Bom, seria eu a última pessoa em condições de julgar e punir o estuprador, certo? O Estado que o julgue e puna-o e trate de me manter longe dele. Mas não posso querer que o Estado compactue com meus desejos de vingança. Sei que é complicado, mas...

Nem é sobre isso que quero falar. Quero falar que a morte de Saddam altera pouco ou nada no Iraque. Excetuando alguns ataques após a divulgação da execução, o panorama político do Iraque é igual antes da execução do ditador, que não pretendo defender, pois reconheço que era um facínora. Mas agora um facínora que virou mártir para muitos sunitas. Esse era o julgamento? Acabou? E agora? Vão fazer o que? Não vou nem falar da mal sucedida execução dos aliados de Saddam. Mal sucedida? Bom, ele realmente foi morto, a execução por este lado pode-se dizer bem-sucedida, mas os requintes de crueldade de como foi praticada foi inacreditável. Não vou achar que foi um acidente, nunca antes um enforcamento terminou com um decepamento! E qual a serventia? Alguns facínoras a menos no mundo? Pode ser. Mas quem disse que já não há outros? E mais: ma coisa é ver seu antigo líder humilhado em uma cela, trancafiado por seus algozes. Outra é ver este mesmo líder a sete palmos, enterrado com honras, adquirindo ares de mártir e santidade.

Impressionante como o Código de Hamurabi ainda é utilizado e aprovado tantos séculos depois.

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