segunda-feira, fevereiro 26, 2007

Editorial: Sangue, suor e cerveja



Explode coração. Todo mundo pulou, bebeu, suou, bebeu, namorou, beijou, bebeu, gritou, sambou, cantou e bebeu mais um pouquinho pra saideira no final. Salve este povo alegre e feliz que adora brincar sob o sol dos trópicos. Vamos brindar nossa natureza, nossas praias, nossas mulheres e nosso IDH ( ìndice de Desenvolvimento Humano), onde ocupamos a 72a colocação do ranking.

Mas vamos relembrar alguns problemas que estavam em tona antes da festa de Momo. Ou alguém já esqueceu a trágica morte do menino João Hélio, arrastado pelas ruas do Rio de Janeiro? A primeira semana teve uma repercussão impressionante, foi assunto pautado em plena novela das oito, confeccionaram uma faixa em um jogo no Maracanã, foram feitos protestos, passeatas, a comissão de frente da Mangueira também fez sua homenagem. Os criminosos, surpreendentemte, foram presos! Com certeza o julgamento trará uma severa punição, pois a repercussão nacional foi muito forte. Com exceção do menor, lógico. Pra este, segundo nossa legislação, não ultrapassará 3 anos sua pena. Mas eu sei, você sabe, as autoridades sabem que as chances destes assassinos morrerem na prisão são enormes. Justiciamento mesmo. Mas o que importa, qual o nome daquela rainha de bateria, mesmo?

A Câmara dos Deputados já escolheu seu novo presidente, mas o trabalho mesmo só começa no próximo mês. Pior ainda é o presidente Lula que ainda não definiu seu Ministério. Quando o governo começará a trabalhar ninguém sabe, mas os fogos exaltando o PAC já foram estourados, antes mesmo do plano ter início. Como é o começo daquela música da Ivete...

Falando em nossos ilustres políticos, 23 deles já trocaram de partido antes mesmo da festa começar. Para quem achava que não poderia ficar pior, esta Legislatura tem grandes chances de ser PIOR do que a anterior, que convenhamos, não foi brincadeira. BUM, BUM, BUM!

Até o final de Abril os cidadãos brasileiros devem entregar sua declaração e Imposto de Renda, esperando de alguma forma serem ressarcidos pelos valores já descontados na FONTE de seus rendimentos. Findo o mês de Abril inicia-se o mês de maio, onde encerra-se o período médio de trabalho do cidadão de classe média precisa trabalhar somente para o pagamento de impostos. Mas nada disso tira o nosso sono, nada é capaz de tirar o torpor, a letargia de nossa brava gente. Pra que se preocupar? Em Fevereiro, sempre tem carnaval...
Editorial da Semana
1. Sangue, Suor e Cerveja
2. Chinaglia presidente da Câmara. Lula diz: Eu já sabia!
3. Malandro é Político e Mané é o Povão
4. PFL: Conservador ou Liberal?
5. Rage Against the Machine: o fim de um sonho
6. MSTlândia
7. Mano Changes: Grande presença?
8. Duas Faces da mesma moeda
9> Frases

Chinaglia presidente da Câmara - Lula diz: Eu já sabia!


Arlindo Chinaglia foi eleito o novo presidente da Câmara dos Deputados, o terceiro na hierarquia nacional. È uma vitória do PT, sem dúvida. Mas do PT paulista em especial. Aquela rapaziada gente boa do dossiê falso contra Serra, lembram? Pois é. O próprio Arlindo Chinaglia, mui digníssimo, já trocou alguns sopapos com o deputado Inocêncio Oliveira na mesma Câmara que agora vai presidir. E não tardará para ser posto em votação o indulto a José Dirceu, mentor de Chinaglia e cérebro do mensalão.
Sobra para o derrotado Aldo Rebelo o papel do bobo da corte. Aldo foi eleito presidente da Câmara quando foi conveniente para o PT, que na época estava em meio a diversos escândalos, quando Aldo caiu do céu para ser o bom moço do presidente Lula. Mas Aldo achou que poderia tentar a reeleição, e ainda contar com o apoio do PT, ou ao menos, de Lula. Lula cozinhou Aldo bonito, na verdade lhe prometeu apoio veladamente mas já articulava uma candidatura própria do PT, e quando esta ocorreu, o mesmo ficou dividido. Bastante conveniente. Lula sempre foi esperto, deve-se admitir. E Aldo sempre foi bobo. Agora ele obteve uma prova da relevância do seu nome e do PC do B junto ao governo

Malandro é Político e Mané é o Povão


Só para termos uma idéia da bomba que nos espera nesta nova legislatura em Brasília. Pasmem ( ou não ) com esta informação. Dos 513 deputados eleitos em Outubro, 23 já trocaram de partido antes mesmo do início do mandato. Ou seja, 4,48% do total. Metade destes migraram da oposição para a base governista. Ah, o poder...

Os nomes? Pois não:

Deputado

Armando Abílio – PB
Colbert Martins - BA
Homero Pereira - MT
Laurez Moreira - TO
Lucenira Pimentel - AP
Marcelo Guimarães Filho - BA
Neilton Mulim - RJ
Nelson Goetten - SC
Ratinho Junior - PR
Sabino Castelo Branco – AM
Veloso – BA
Vicentino Alves – TO
Damião Feliciano – PB
Jofran Frejat – DF
Jurandy Loureiro – ES
Lucio Vale – PA
Marcos Antônio – PE
Maurício Quintella Lessa – AL
Sandro Matos – RJ
Silas Câmara – AM
Takayama – PR
Waldir Maranhão – MA
Zequinha Marinho – PA

PFL: Conservador ou Liberal?


Partido Democrata. Eis o nome pelo qual será designado a partir de Abril próximo o PFL ( Partido da Frente Liberal). Tal designação faz parte da proposta de reformulação da sigla que se iniciará após a convenção do partido em Abril. Este movimento está sendo cuidadosamente planejado pela cúpula do partido, em especial pela ala de Jorge Borhausen. Até hoje a sigla PFL constava como provisória no estatuto do partido. Criado em 1985 para opôr-se ao PDS de Maluf ( hoje PP) na disputa pela Presidência da República, que naquela época era escolhido Câmara dos Deputados. Na época, a Frente Liberal derrotou Maluf no colégio eleitoral com Tancredo Neves, que não chegou a tomar posse, vindo a falecer e dar lugar a José Sarney. Estas reformulações trazem a intenção do partido em lançar candidaturas próprias para prefeituras em todas as cidades brasileiras, principalmente no interior.

Duas observações: Primeiro; em meio a inúmeras possibilidades de nomes e siglas, o PFL consegue a proeza de escolher Partido Democrata, exatamente igual ao Partido Democrata americano, dos políticos Bill Clinton, Jimmy Carter, John Kennedy, entre outros. Já não bastasse a infeliz coincidência, ainda resta o antagonismo entre estas duas legendas. O PFL, pelo seu conteúdo programárico, nos Estados Unidos estaria muito mais para o Partido Republicano do que para o Partido Democrata. A nomenclatura escolhida foi, sem sombra de dúvida, equivocada, para dizer o mínimo.

Segundo; e talvez mais importante: O que vem por trás desta mudança? A palavra é: Renovação! Os dirigentes do PFL sabem que esta sigla há muito está desgastada perante a sociedade, principalmente no interior. O PFL freqüentemente foi associado à ditadura militar, ao coronelismo, ao conservadorismo. Em parte estas associações são verdadeiras. O partido sempre abrigou alguns ícones ditatoriais e coronelistas em suas fileiras. Por isso a necessidade latente de nomes jovens passarem a ter importância estratégica dentro do partido. Um afastamento do PSDB também faz parte dos planos do partido. Mas o PFL, mesmo com a safra de novos nomes, ainda peca em relação ao sentido de renovação. Explico. Quem são os novos expoentes pefelistas? Rodrigo Maia, filho de César Maia, prefeito do Rio de Janeiro. Antônio Carlos Magalhães Neto, cujo nome dispensa maiores informações. Não se trata de uma crítica aos nomes anteriormente citados, mas me parece mais do mesmo. E tenho certeza que o eleitor terá esta mesma percepção. O PFL não pode virar um feudo.

Para a sorte do partido, há outros nomes de peso para efetuarem esta transição, como por exemplo, o gaúcho Onyx Lorenzoni. E para nosso azar o PFL ainda está muito longe de ser um partido realmente liberal. Não basta apenas uma nova roupagem, é preciso ir mais fundo, inclusive nos estatutos do partido. O Brasil necessita urgentemente de vozes que defendam a livre iniciativa, o empreendedorismo, a desburocratização, o capital, os interesses individuais como primazia. O PFL poderia ocupar este nicho que ainda não foi preenchido, mas, ao que tudo indica, continuará vazio.

Rage Against the Machine - o fim do sonho



Rage Against the Machine foi um grupos que mais tiveram influência na minha adolescência. Naquele tempo eu ainda cultivava alguns ideais românticos e algumas idéias idiotas na cabeça e acreditava que a revolução não seria televisionada. Em tempos de Babado Novo no Planeta Atlântida, devo admitir certo orgulho em escutar sons que jamais rolavam no set list das grandes rádios da época, que impulsionadas pelo “jabá”, rodavam apenas uma programação absurdamente pasteurizada, idiotizada e incrivelmente bem digerida pelo público. Bons tempos pré internet, em que a garimpagem de sons inovadores em galerias no centro da cidade ou pelas rádios Ipanema e Felusp eram tarefas que ocupavam boa parte de nossa rotina.

Mas não foi somente a tecnologia o grande catalisador da mudança de comportamento musical. Não que esta não tenha sua importância, muito pelo contrário. Qualquer banda de garagem de hoje amanhã tem seu som disponibilizado na internet. Se por um lado, é possível o acesso ilimitado a todos os tipos de sons e grupos em todo o mundo, por outro lado perde-se aquela áurea que somente aqueles verdadeiros garimpeiros musicais detinham. Qualquer imbecil nerd ou mauricinho metido a antenado consegue, na hora em que desejar, músicas antes restritas apenas a um pessoal realmente antenado. Mas isso não é uma crítica, a tecnologia proporcionou a verdadeira revolução musical dos tempos modernos.

Mas lá vou eu perdendo o foco no texto. O que estava me questionando era porque o discurso de Zack de La Rocha hoje não desperta em mim o mesmo interesse, o mesmo fervor, a mesma indignação que despertava há 10, 15 anos atrás? Mesmo com a dissolução do RATM, os velhos e bons cds ainda continuam com a mesma sonoridade arrasadora, a guitarra de Tom Morello ainda pesa em meus neurônios, a voz de Zack de La Rocha ainda me soa como uma das melhores vozes para o som de rap adicionado com metal; som este inédito na época. Killing in the name, Bullets on the Parade, Freedom, Guerilla Radio, Bombtrack, a lista musical é maravilhosa. Enfim, escutar RATM ainda me é agradável, a sensação é a mesma. Por isto, concluo sozinho que meu gosto musical ainda é o mesmo. Mas a letra do RATM já não me agrada tanto assim...

E porque? Bem, eu mudei, o mundo mudou, todos mudamos e o RATM ainda bate na mesma tecla de crítica ao capitalismo, ao imperialismo, ao neoliberalismo global. A exaltação da luta Zapatista no México, o estilo discursivo de Zack de la Rocha, ao estilo Michael Moore. Confesso que esta ladainha já me encheu. E que este discurso pode ainda colar em adolescentes em busca de motivos para sua rebeldia, mas para mim, infelizmente, ou felizmente, já não cola mais. Como é sabido, nada mais fácil do que vender rebeldia e depressão para adolescentes. Gostava e ainda gosto do som de RATM, mas seu engajamento e suas letras politizadas tornaram-se para mim irrelevantes pelo seu conteúdo artificial. Mas os adolescentes do presente não tem do que se queixar. Não faltam à sua disposição no mercado fonográfico grupos “engajados” politicamente, e talvez a maior expressão atual seja o Green Day, grupo pelo qual já nutri certo apreço, mas hoje me soa indigesto. E me é indigesto pelo fato do grupo espertamente explorar a guerra no Iraque e criticar a política americana para fazer música e vender disco. Nada original. O último cd da banda, com o sugestivo nome de “American Idiot” está recheado de clichês anti-americanos, com críticas ao presidente Bush em especial. O grupo não se furta de frases de efeito como “ Não quero ser um americano idiota”, “ não quero uma nação se abaixando para a nova mídia”, “Eu quero ser a minoria”, frases que se fossem ditas por Avirl Lavigne seriam justamente ignoradas, mas ditas por Billy Joel ajudam a fomentar o mantra dos californianos. Neste caso, favor me acordarem quando Setembro ou esta bobagem terminar, o que vier primeiro, se é que vocês me entendem.
Já o RATM não existe mais, Há boatos de que Zack de la Rocha tornou-se guerrilheiro após o fracasso de sua carreira solo e Tom Morello hoje é o guitarrista da inócua banda Audioslave. Mas ainda me atenho às raízes, e entre a alegria insuportável de um show de uma Ivete Sangalo e a barulheira de um RATM, fico com a segunda opção.

MSTlândia


Importantíssima a matéria a Zero Hora deste último Domingo. Surpreendente também, pois a Zero Hora, depois de anos de pressões, agressões e até invasões, havia cedido generoso espaço aos petistas no jornal, e por isso, estava chapa branca em demasia. . Por isso meu espanto com a matéria assinada por Humberto Trezzi denominada “ O enclave do MST”. A chamada de capa é ainda mais provocativa: “ MSTlândia”. Luiz Fernando Veríssimo deve ter ficado fulo.

Resumindo, trata a reportagem sobre as ações do MST, especificamente no norte do Estado, e em especial a guerra declarada entre o movimento e o proprietário da fazenda Coqueiros, Félix Guerra. Briga por 7 mil hectares de terra, uns 200 parques da Redenção. Que a fazenda Coqueiros é produtiva, isso já foi provado. Ocorre que para o MST esta disputa não é agrícola, no sentido técnico, e sim ideológica. O próprio líder do MST no local, Ivanir Loureiro, define por conta própria que “ Ninguém pode ser dono de uma área desse tamanho”. Ah, não? E quem pode? O MST? O MST como uma associação de agricultores possui uma quantidade muito maior de terras do que a fazenda Coqueiros, e , convenhamos, com uma produtividade bastante inferior. Basta comparar o fracasso produtivo dos assentamentos na fazendas Itamaraty, do antigo dono Olacyr de Moraes, ex-rei da soja e Sepé Tiarajú. Leiam artigo http://www.ternuma.com.br/assentamento.htm. Mas viver de cesta básica não parece impecilho para o MST literalmente cercar a propriedade de Guerra, para em nome de sua batalha ideológica, promover saques, destruições, abate de animais, etc.

Interessante também a descoberta da reportagem de um estrangeiro no comando de algumas ações do MST, um tipo chamado Hugo Castelhano que liderou diversas depredações em patrimônio privado, crime punido com expulsão do país. Este fato apenas reforça a idéia de que o MST não é e nunca foi um movimento de agricultores em busca de terras para produzir. O que na verdade move o MST é a proposta ideológica de promoção do Socialismo através de ações coodernadas no campo e com apoio de diversas ONGS ( muitas delas internacionais), explicando assim a presença de estrangeiros em suas fileiras.
Se até hoje você simpatizava com a causa do MST e achava um absurdo aquele monte de “agricultores” sem ter onde produzir, sugiro a leitura desta matéria, que mesmo tardiamente, reforça a idéia da farsa que é o MST

Mano Chanes - grande presença?


Outra matéria interessante na Zero Hora de Domingo foi na reportagem sobre jovens políticos gaúchos. Um fato indiscutível: o jovem ainda tem uma participação política pífia. No Congresso nacional, apenas 20 dos 513 deputados situam-se na faixa dos 21 a 30 anos. Em entrevista, a nova vedete da Câmara Manuela Dávila ( sempre ela) discorre sobre este assunto com uma suposta autoridade que não possui. Cobra maior participação dos jovens na política ( concordo), estagiários cadastrados na Previdência social ( hummm, discordo), além de informar que o PAC é uma boa alternativa para inserção de políticas destinadas aos jovens( sem comentários). Mas não vou falar de Manuela, mas sim de outro deputado gaúcho com políticas voltada para os jovens. Trata-se de Diogo Bier, o vocalista ( ainda é?) da banda Comunidade Nin Jitsu. Não possuo elementos para ter alguma opinião sobre o rapaz, e por isso tenho que me basear no que o mesmo tem dito ( e cantado) nos últimos anos:



Sobre sexo entre adolescentes

Beijo na boca é coisa do passado
A onda do momento é o namoro depravado

Amor Amor o que eu quero é transar
Amor Amor se eu pedir tu me dá

Sobre bebidas

Bebida bandida, deixa as mina muito louca
Vai descendo docinho, dá beijinho na boca
Bebe mais um pouco que eu tiro a sua roupa


Pra ficar do seu lado
Só se for aperitivado


Sobre Drogas

Ta na hora de acordar pra vencer
Um baseado apenas por lazer
Vou fazer a cabeça, tudo vai melhorar
Vou fazer a cabeça, pior não vai ficar

Parceiros e corteses são os manos
Que comigo tomam heroína pelos canos


Procurando uma ervas eu já sei onde encontrar
Vou lá no primo morango e ele bota um pra fumar


Sobre Política Internacional
Ah, eu só vim pra buscar
Um carregamento e depois me mandar
Ah, como é boa a fronteira: Amazônia e Colômbia
Que eu vou atravessar


Será que alguém realmente sente-se representado politicamente por Mano Changes ou Manuela Dávila?

Duas faces da mesma moeda


Quando adolescente, sempre me questionava até onde ia o poder cultural e massificador da cultura americana. Que Hollywood não tem concorrentes na questão de projeção cultural, isso me parece óbvio. Mas algo que sempre me intrigava era a visão única que predominavam nos filmes de guerra. Por isso sempre imaginei porque nenhum diretor e roteirista se interessaram em realizar o filme com um roteiro simples, tampouco original:

“ Era uma vez uma pequena japonesinha, vamos chamá-la de Yoko. Yoko era uma linda e delicada jovem da alta sociedade japonesa. Seus pais são atenciosos e lhe dão amor, mesmo que seja de seu jeito peculiar. Mas Yoko não se importa. No seu aniversário de 16 anos, Yoko se apaixona por Nakao, um pequeno e honrado agricultor. Florescida a paixão, o roteiro giraria em torno da luta dos dois amantes pelo seu amor. Juntos concebem um filho e decidem fugir para viver seu amor. Mas antes de fugir, Nakao é convocado a lutar na 2a Guerra. Mesmo relutante em deixar seu amor, Nakao serve com orgulho seu país. Yoko chora anos a fio na esperança de que Nakao volte vivo, o que realmente acontece, mas com um pequeno problema: Nakao volta com as pernas amputadas e deprimido. Yoko, que estava morando em uma pequena propriedade afastada com o filho de Nakao, sai à procura do mesmo para contar-lhe a respeito do filho. Após incessante e angustiante procura, ambos de reencontram e o amor floresce novamente. Nakao comove-se ao descobrir que tem um filho. Ambos se amam e prometem viver até o final da vida juntos. Infelizmente, no dia posterior o Japão é bombardeado e devastado. Nakao e Yoko morrem. Seu filho, hoje com 45 anos é quem nos conta a história, que só foi possível graças às cartas que Yoko escrevia. Mas o rapaz exibe seqüelas do desatre, sua pele é Albina e sem pelos e não raro o mesmo apresenta convulsões inexplicáveis, até hoje não explicadas pela ciência. Também não poderá ter filhos, e por isso decide criar um orfanato com o nome de Yoko e Nakao, além de tornar-se um respeitável estudioso em favor da Paz Mundial. O final o filme mostra o filho recebendo condecoração na ONU. O rapaz chora. Aparece uma frase de efeito em favor da paz. Sobem os letreiros com a música “Imagine” de John Lenonn ao fundo.Fim. “

Fácil, não?

Por isso tive a grata satisfação de assistir não a um, mas dois filmes de Clint Eastwood, meu rabugento favorito. Dois projetos de suma importância, dois filmes que tratam do mesmo tema e do mesmo acontecimento. A sangrenta batalha entre americanos e japoneses na ilha de Iwo Jima . O primeiro filme, A Conquista da Honra, mostra estes acontecimentos sob a ótica americana. Quando os americanos conquistam determinada área da ilha, não perdem a oportunidade de fincar a bandeira americana no solo japonês. Esta imagem foi fotografada e correu pela américa, elevando seus simplórios participantes ( que não eram os mesmos da primeira bandeira, e sim de uma segunda) a heróis da liberdade. Ou seja, ótimos garotos propaganda para angaria fundos para a guerra.

Já Cartas de Iwo Jima me parece mais ambicioso e mais intimista. A história narra o trabalho do general japon~es para defender a todo custo, ou ao menos retardar a derrota japonesa na ilha. Para isso, tem de enfrentar, além do maior poderio inimigo, a honra japonesa que não adimite outra punição para derrota que não a própria vida.

O grande trunfo destes filmes é mostrar que todos os fatos históricos, atuais ou não, dependem do ponto de vista do narrador. Se no primeiro nos deparamos com temerosos soldados americanos entrando em território desconhecido, do outro lado vemos os também temerosos japoneses com a aproximação do inimigo melhor preparado belicamente. Não há heróis, não há vilões, todos são humanos. Apesar do filme ainda criar alguns estereótipos, é formidável notarmos que é possível sim que qualuqer acontecimento tenha dois lados. Nós mesmos já fomos odiados e amados, e não somos melhores nem piores que outrem. Somos únicos, com nossa individualidade, costumes, acertos, erros, preconceitos. E isso o filme retrata muito bem.

Frases

"Quando falares, cuida para que tuas palavras sejam melhores que o silêncio."

Provérbio Indiano


"Empreendedorismo não é uma ciência, nem arte. É uma prática."

Peter Drucker


"Não confio em produto local. Sempre que viajo, levo meu uísque e minha mulher."

Fernando Sabino


"Não há vivos, há os que morreram e os que esperam a vez."

Carlos Drummond de Andrade