sábado, setembro 30, 2006

O Dia da Democracia


Gosto muito do dia de eleições. Acho fantático toda a movimentação em torno do processo democrático, em que podemos expressar livremente nossa opinião e fazer valer de fato nossa cidadania ( apesar de que cidadania não se resuma a isto). Pensei um bocado de tempo sobre como fazer um artigo especial para este dia tão importante. Existem algumas organizações apartidárias que optaram em fazer um protesto, como o site nariz de palhaço www.narizdepalhaco.com.br que incentiva os eleitores a irem votar usando um singelo nariz de palhaço, como forma de protesto pelas últimas palhaçadas dos políticos nos últimos anos. Outros preferem incentivar o uso de preto como indumentário para a votação, para expressar seu luto em protesto das mesmas falcatruas polítcas de nossos políticos.

O termo democracia vem do Grego demos = povo e de Kratos = poder, o que significa poder do povo. E é o poder do povo que estará decidindo hoje o seu futuro pelos próximos quatro anos. E pensando neste termo que tive a sensata idéia de não postar nada neste blog hoje. Exatamente, por hoje ficaremos livres de minhas idiossincrasias, porque hoje resolvi dar espaço a algo maior que minhas opiniões individuais. Hoje o coletivo se sobrepõe ao indivíduo. Por isso minhas opiniões são relevantes neste momento. Segue abaixo diversos depoimentos de pessoas, cidadãos comuns das mais diversas ocupações, classes sociais, pensamentos políticos, apolíticos, etc., sem qualquer censura prévia. E pessoas que de certa forma tem alguma ligação direta ou indireta com este que vos escreve, ao que lhes confiro meu agradecimento e a minha ternura, pois como já foi dito, sem perder a ternura, jamais, hehehe.

A todos foi feito a seguinte pergunta: "QUAL O SEU SENTIMENTO EM RELAÇÃO ÀS ELEIÇÕES DESTE DOMINGO? E O QUE VOCÊ ESPERA DOS NOVOS POLÍTICOS ELEITOS?



"Há uma briga partidária, o que não leva a nada. O que eu espero dos políticos eleitos é que cumpram com os projetos e façam com que o povo possa se sentir melhor".

Jair, 58 anos, aposentado.


"O meu sentimento em relação á eleição é que o povo demorou mas acordou para a importância que tem o voto e o valor de exercer a cidadania! Em relação aos políticos eleitos é que honrem com suas promessas, que pelo menos tenham vergonha na cara com as pessoas que confiaram seu voto".

Carlos, 21 anos, dançarino


"Estamos mais uma vez diante de uma importante tomada de decisão: Eleger os próximos governantes. Em quem credibilizar nosso voto? Quais os políticos mais bem "preprarados" segundo a linguagem falada a exercerem seus respectivos cargos das Assembléias?? Bem, neste momento me pergunto como é esse candidato "preparado"... Fica difícil avaliar diante de um governo que há 4 anos atrás se dizia capaz e norteador de mudanças e porque não "preparado" quando pouco ou quase nada aconteceu e mudou...O que fazer? Quem sabe, pensamos em pessoas ( candidatos) inicialmente que tenham antes de mais nada cultura e um horizonte de conhecimentos, que mostraram na sua trajetória profissional e política, ética e transparência, sendo assim, esperamos que neste Domingo cada eleitor pense no seu amanhã, e mais do que nunca nessa geração que vem por aí, pois se mantermos os atuais "governantes", ou de semelhança, poderemos não ter mais futuro, isso seria muito triste..."

Carla, 23 anos, Estudante


"Um político que me orgulho, acabe com os sanguessugas e faça o Brasil crescer, com propostas e segurança, saúde e educação, criando hospitais e mais escolas, que bote mais brigadianos na rua e escolas para ensino em braile."

Lucas, 10 anos, Estudante


" O meu sentimento em relação á Domingo é ansiedade e intranquilidade em relação aos petistas. Como pode haver tantas pessoas que acrteditam e apoiam um ser anormal e corrupto chamado Lula que pelas pesquisas ( que para mim não dizem nada) pode ir ao segundo turno. Sobre os políticos que forem eleitos, espero que cumpram o que prometeram, que tenham responsabilidade com o povo e que abram os olhos para as nossas necessidades."

Ana Marina, 18 anos, desempregada

O fenômeno Yeda


O Centro de Pesquisas do Correio do Povo, o instituto de pesquisas com maior credibilidade no Estado divulgou sua última pesquisa antes das eleições em que aponta a candidata do PSDB Yeda Crusius consolidada na segunda colocação, já fazendo sombra ao primeiro colocado, Germano Rigotto. Além de ser a grande novidade destas eleições, Yeda está fazendo com que o PT fique de fora do segundo turno no Estado, fato este que não acontecia há anos. Os gaúchos, que foram pioneiros em eleger governos petistas, também são os primeiros agora a repudia-los. Em 2004, o PT já perdeu a Prefeitura da capital depois de 16 anos e agora tem o risco real de ficarem de fora do segundo turno da disputa Estadual. Vão ter tempo para lamber as feridas e juntar os cacos.

Sobre o debate não vou comentar. Já o fiz aqui uma vez e não tenho mais interesse. Muitos candidatos e pouca praticidade, impossível de dar certo. Mas repito, a culpa não é da emissora de TV e sim da legislação eleitoral.

O PSDB é o único grande partido que ainda não administrou o Estado, apesar de compor governo anteriores. Resta saber se terá força no interior suficiente para encarar uma difícil disputa com o forte PMDB de Germano Rigotto, com uma invejável estrutura partidária do RS. O grande problema para Rigotto é que Yeda, além de ganhar o "voto útil" dos eleitores na reta final das eleições, ganha também o voto das mulheres e dos apolíticos, exatamente os votos que elegeram o governador em 2002. Por isso o PMDB está nervoso, pois sabe onde está pisando. De qualquer forma, não deve-se subestimar o PT, que ainda tem chance na disputa e colocou sua militância engajada e a paga também nas ruas. Amanhã saberemos. Minha aposta? Yeda, sem dúvida.

Nacional - O debate que gerou o segundo turno


E Lula não foi ao debate da Globo. A cúpula Petista calculou os riscos e optou por faltar ao debate promovido pela maior emissora do país. A alegação é de que a presidente seria posto a mercê do jogo sujo dos candidatos, que supostamente realizam uma campanha de baixo nível. É a velha tática de impor aos outros os seus erros. Quem desceu ao mais baixo nível da moralidade e da ética foi o próprio PT, com o mal sucedido processo de compra e divulgação de um faldo dossiê contra José Serra e Geraldo Alckmin.Enquanto o PT enganava e Rede Globo enviando seguranças para conferir as condições de segurança do Projac, um outro grupo já estava em São Bernardo para acompanhar os últimos detalhes do comício final do presidente. Ou seja, o PT já havia decidido por São Bernardo desde o dia anterior, mas esperou até o último momento para anunciar sua decisão.

O debate em geral foi uma chatice. O debate foi morno, aliás será sempre assim enquanto perdurar algumas regras eleitorais absurdas, que amordaçam a mídia e os candidatos em geral. Já falei aqui e repito, o que melhor se viu nestas eleições foram as entrevistas dos candidatos ao Jornal Nacional.

Geraldo Alckmin é de fato o candidato melhor preparado, e mostrou isso no debate. O problema de Alckmin é que lhe falta um pouco de feeling, de carisma, de convicção. Alckmin não consegue chegar na mente do cidadão comum. O exemplo de bom administrador só ganha votos da classe média, e esses votos ele já tem. Alckmin é contido inclusive para bater em Lula. E isto que motivos não lhe faltam para tanto. Mas a probabilidade de segundo turno é real, e ele possui todas as condições de enfrentar ( e vencer ) o presidente Lula.

Cristovam Buarque é um bom político. Jamais será Presidente é claro, mas é um cidadão exemplar. Descobri que ainda não havia falado de Cristovam neste blog, o que é até uma injustiça. Muitos analistas o comparam ao tio esquisito da família que você ignora, o que eu acho um desrespeito. Sua fala no debate discorrendo sobre corrupção, e seus desdobramentos na política, em que compara o fato de construir obras megalomanícas em detrenimento de investimentos básicos em saúde e educação é de uma sensibilidade exemplar. É realmente gratificante que ainda tenhamos políticos como Cristovam, eu precisava deixar aqui este registro.

Heloisa Helena é uma metralhadora giratória. Em poucos minutos a senadora faz o maior uso de verbetes e adjetivos por palavra. Mas consegue chegar no coração dos brasileiros. Joga pra platéia, faz a firula, mas jamais marca o gol. Se pegarmos palavra por palavra o discurso de Heloisa, é perceptível que vamos do nada ao lugar algum. Não há proposta, não há conteúdo, não há seriedade, não há comprometimento, são apenas palavras. E particularmente, perdeu para Alckmin o debate a respeito das centrais de energia, em que mostrou estar mal informada, ao contrário do candidato tucano.

APesar do debate morno, o presidente Lula jogou pelo ralo sua chance de vencer no primeiro turno, as pesquisas indicam sua queda vertiginosa. E isto é uma boa notícia.

Pequenas Considerações de um Grande Eleição


Posto aqui com o meu contumaz atraso minhas últimas observações sobre as eleições de Domingo. Tempo livre é um luxo que este escevinhador não dispõe, é necessário então ajeitar as melancias com o andar da carruagem. Mas vamos lá, segue abaixo minhas últimas considerações sobre a disputa, nacional e estadual.

sábado, setembro 23, 2006

A KGB de Dirceu

A neblina vai se dissolvendo e as práticas do Partido dos Trabalhadores ficam cada vez mais nítidas. Descobriu-se agora que José Dirceu, homem forte do governo Lula - que continua exercendo livremente seu poder - esteve à frente da criação de uma equipe tática para serviços de monitoramento e levantamento de dados de adversários políticos. Falando claramente, espionagem para fabricação de provas, sujeira política. Cid Benjamin, do PSOL relata em seu blog uma conversa que teve com Dirceu no Fórum Social Mundial de Porto Alegre em 2002. Na época, Dirceu disse que estava montando um serviço secreto dentro do PT, subordinado a ele próprio. Essa conversa aconteceu em Fevereiro, um mês depois do assassinato político do prefeito Celso Daniel, também do PT. Fica claro agora de onde surgiu o "dossiê" contra Serra. Só não está ainda claro a origem dos dólares apreendidos pela Polica Federal para a compra do dossiê. Mas especialistas já afirmaram que trata-se de tubarão grande. Colarinho branco.

Felizmente neste caso a coisa teve efeito reverso. A última pesquisa do Ibope mostra o crescimento da Geraldo Alckmin e uma ligeira queda de Lula. Já se cogita a possibilidade de segundo turno.

E Lula, terá a coragem de ir ao debate da Globo na terça?

E vale novamente lembrar, onde está a indignação dos estudantes com todos estes fatos? Nenhuma palavr até agora. Tirando as bobagens que teorizam sobre golpe branco, a UNE cala e consente. Que vergonha!

Tenho que parar por aqui, isto é de uma nojeira tão grande que sinto-me enojado em ter que descer a um nível tão baixo quanto desta camarilha. Muito cuidado agora, na semana que vem teremos eleições, e as instituições democráticas podem e devem garantir o processo democrático de forma clara e transparente. As feras estão soltas, por muito menos Collor foi deposto. Eles não vão entregar de bandeja o que levaram vinte anos para conquistas. Esse pessoal é deveras perigoso, isto já está comprovado. Mas como já disse antes, resistamos.

Sintomático


Capa da Veja desta semana. Sem título. Precisa realmente dizer algo? Creio que não.

domingo, setembro 17, 2006

Jornalismo Marrom


Credibilidade é o maior patrimônio para aqueles que fazem jornalismo, seja ele em qualquer meio. A credibilidade é um valor que custa um tempo considerável para se solidificar, mas apenas em um momento pode ser abalada para sempre. A revista IstoE desta semana é um bom exemplo disso. Se a revista possuia alguma credibilidade, ela está seriamente abalada devido a sua reportagem de capa de sua última edição desta semana. Nela, a revista IstoE acusa de forma leviana e irresponsável o candidato favorito ao governo de São Paulo José Serra de envolvimento com a máfia das ambulâncias. Não deu nem tempo para os primeiros paladinos da moral e da ética começarem a esculhambar o tucano e iniciar dua detração pública. A malhação de Judas foi abruptamente interrompida devido à descoberta de todo o jogo sujo que envolveu esta operação. O suposto dossiê dos Vendoin consistia em algumas fotos e filmagens em que Serra, na época Ministro da Saúde, aparecia em uma entrega de ambulâncias ao lado dos donos da Planan e de deputados envolvidos com o esquema. Nossa!!! Peguem as pedras!! Iniciemos o espancamento moral de Serra, que na verdade estava apenas cumprindo com sua função. Não havia exatamente NADA no dossiê que pudesse incriminar Serra. Então porque o PT resolveu pagar 2 milhões por ela? Porque precisava de algum catalizador para esquentar as eleições em São Paulo, em que Aloisio Mercadante está levando uma verdadeira lavada de Serra. E como o PT já dá como certa a reeleição do apedeuta, tenta agora conquistar o poder no principal estado da federação.

E para isto usou de procedimentos mais sujos de nossa política. Produz provas falsas e antes que o candidato pudesse nega-las e mostrar que não haviam provas que sustentassem as bobagens da reportagem, o estrago na reputação do coitado já estaria feito. Quem não lembra do caso Eduardo Jorge? E do caso Lunus, envolvendo Roseana Sarney no Maranhão em 2002, justo na época em que a filha de Sarney aparecia como favorita na disputa presidencial? O PT tentou de todas as formas pautar a mídia, inclusive com a tentativa de criar um tal de Conselho de Jornalismo que se encarregaria de policiar a mídia. Não obteve sucesso. Tenta agora, da mesma forma que comprou o congresso, comprar a opinião pública através de financimantos com dinheiro público em o que chamam de "Mídia Independente". Aliás, cada vez que você ouvir o termo indepente, imparcial, isento,saia correndo, pois esta gente é deveras perigosa. E é lógico que somente os amigos do rei seriam beneficiados por esta medida. A última revista que utilizava-se do slogan "Independente" acabou de vender uma matéria de pura pilantragem para o PT. Domingos Azulgaray, diretor da Editora Três responsável pela revista IstoE, desmentiu todos os boatos e informou que a reportagem era de cunho estritamente jornalístico. Bem, para quem leu a matéria e possui um mínimo nível de discernimento viu que jornalismo era a última coisa que se viu naquela reportagem. Ou jornalismo marrom, podre mesmo. Sacanagem pura. Na semana passada, a IstoE noticiava em sua capa a excelência da Policia Federal, como exemplo de administração pública nos últimos anos, ou seja, desde o início do governo Lula. Sópara lembrar, o que a PF tem feito é muito mais marketing do que ações concretas, e os escândalos de corrupção no congresso jamais tiveram sua denúncia pela PF, como os petistas querem fazer crer ( "nunca se investigou tanto a corrpção neste país" ), mas sim de denúncias de antigos aliados.

Já era possível ver que a IstoE estava se tornando um tentáculo petista na mídia. Já nem falo de Carta Capital e Caros amigos, recheadas de anúncios de empresas estatais em suas páginas. Na internet, a Brasil Telecom, dona doportal IG, tem o maior acervo de petistas da rede. Até José Dirceu tem um blog. Além dele, Paulo Henrique Amorim, Tão Gomes Pinto, Ricardo Noblat ( o "isento" da hora ). Curiosamente, estes foram os primeiros a noticiar a "reportagem" da IstoE, num tom falsamente imparcial. Vamos esperar a apuração dos fatos, não podemos incriminar ninguém agora. E não poderiam jamais, pois sabem que as denúncias são falsas. Entenderam a malandragem da rapeize? Até ficar provado a inocência de Serra, as eleições já terão acabado mas os "isentos" noticiarão que nada ficou provado contra Serra, mas ai será tarde demais. Fazem o jogo sujo do petismo. Só não acredito que sej gratuitamente. A IstoE mostra que não. E esperem ainda novas bobagens. Temos ainda as colunas de Luiz Fernando Veríssimo, Beatriz Fagundes, esta indiada aqui dos Pampas que não cansa de falar bobagem.

Foram longe demais, o que vimos neste final de semana foi um verdadeiro ataque à democracia, às instituições ( descobriram grampo nos juízes no STF). Estão se apropriando da mídia, queram a opinião pública de joelhos, estão criando a Novilíngua petista. ( Leiam George Orwell). Não devemos aceitar este procedimento vil em nosso meio. Não podemos concentir com a safadeza, a política salafrária, o jornalismo marrom, o denuncismo incriminatório. O que tivemos nestes dias foi a prova do relações de comprometimento da mídia com o petismo. E isto é grave, muito perigoso.

Resistamos.

segunda-feira, setembro 11, 2006

Democracia atropelada


Completam-se hoje cinco anos dos atentados terroristas patrocinados pela Al Qaeda contra os Estados Unidos, culminando com a colisão de dois aviões contra as torres gêmeas doWord Trade Center, um contra o Pentágono e outro que supostamente direcionava-se para a Casa Branca.

O mundo nunca mais será o mesmo, profetizavam alguns. O mundo todo eu não sei, mas os aeroportos, com certeza nunca mais foram . Mas o que me chamou a atenção foi a reação de grande parte da esquerda brasileira e mundial. A reação deste pessoal beirou a canalhice pura e absoluta. Tão logo as torres começaram a arder em chamas, estes pseudo-especialistas, com espaço nobre na mídia "independente e imparcial" iniciavam sua s análises: "Realmente é um absurdo, mas..." e daí pra frente dava-se o maior acúmulo de bobagens já visto. O "mas" era a senha. Valia de tudo. Estava liberada toda e qualquer distorção dos fatos, desde que estes incriminassem o grande vilão da história, o império do mal, o lado negro da força, o imperialismo norte-americano. Palavras contra os terroristas? Quase nada. Eram tratados como moleques levados que haviam praticado alguma traquinagem.

Cinco anos depois, a situação é ainda pior. Sim, pois em 2001 ainda que mesmo forçadamente, transmitiam algum pudor, algum respeito pelas vítimas. Hoje, nem isso. Numa data que deveria ser lembrada como um dos piores ataques á democracia no mundo, muitos colunistas se furtaram inclusive de pautar o assunto em suas colunas. Beatriz Fagundes, militante ardorosamente petista que possui uma coluna no jornal O Sul, preferiu comentar a sua interpretação peculiar da carta aberta de FHC. Quanta bobagem. Ela realmente acredita que FHC quer voltar à mídia? Justo ele, um dos poucos intelectuais políticos brasileiros com respaldo suficiente para uma carreira no exterior? E referente ao tema,nada. Nenhuma palavra. Pior fez a MTV americana, que em um anúncio misturou alhos com bugalhos. Explico. Exibia-se um anúncio com as Torres pegando fogo ao fundo, e em primeiro plano revezavam-se um menino pobre, um pedinte aidético e um sem teto. Junto com a foto destes aparecia um explicativo com os dados mundiais referente a sua tragédia, efetuando um comparativo com os números de mortos no Word trade Center. Logicamente, o número dos primeiros era bem maior. E a conclusão do anúncio era o pior. O mundo declarou guerra ao terrorismo, porque não declara guerra também contra a ( nome da calamidade). Existe manipulação maior? Talvez. A comissãode direitos humanos americana distribuiu um folheto em que comparava a democracia americana com a islâmica. num surto psicótico violento, consegue por no mesmo patamar a NBC e a Al Jazhira. Gostaria de ve-los questionando a "democracia" nos países do oriente médio. Ah, mas a cultura é diferente, dizem alguns. Então, que não se façam mais comparações.

Não sou, como pode parecer, um ferrenho defensor da guerra, daqueles que acham que o mundo se divide entre o bem e o mal. Mas faz-se necessário postar aqui esta lembrança desta fatídica data, em que uma nação foi humilhada em dobro. Primeiro, pelos seus inimigos e depois por parte de seu próprio povo, que teve a liberdade de criticar sua pátria mãe e conseguiu faze-lo justamente pela cultura libertária e aos valores democráticos que seu país possui e defende.

E no Brasil, o PCC já está fazendo a festa, pautando inclusive a maior emissora do país.

Um minuto de silêncio para ambos.

quinta-feira, setembro 07, 2006

Lula - Uma decepção nacional


Eu pensava em escrever este artigo no dia das eleições. Mas com o resultado da última pesquisa do Datafolha que confere ao presidente Lula inacreditáveis 51% de intenções de votos na pesquisa induzida, e 41% na espontânea, significando que a imagem do presidente está fortemente presente na memória do eleitor, me senti na obrigação de fazer um mea culpa. Afinal, o máximo que posso fazer a respeito disto é expressar minha incredulidade e indignação nestas linhas mal escritas.

Muitos analistas e a mídia especializada em geral vem divulgando esta como uma das eleições mais monótonas e com fraca participação popular do Brasil desde a redemocratização. A apatia geral da população tem origem no desencantamento desta para com os dos políticos brasileiros. Discordo. O brasileiro realmente nunca se interessou muito por política, mas o resultados das pesquisas de opinião mostra que o brasileiro absolve o presidente Lula, pois lhe confere vitória esmagadora, Então, é necessário questionar-se porque o presidente merece tanto respaldo. Vamos tentar analisar os fatos.

Quando Lula venceu as eleições em 2002, criou-se um grande clima de expectativa em relação ao futuro governo. Aos que acreditavam nas promessas do ex-sindicalista, gerou-se grande apreensão. O mercado financeiro torcia o nariz e o dólar bateu perto de R$ 4,00 e o risco país atingiu 2.440 ( hoje em pouco mais de 200 pontos). Mas Lula tinha importantes aliados na mídia que encarregavam-se de escrever a fábula do “operário” ( alguém lembra a última vez em que Lula realmente trabalhou na vida?) que chegou ao poder. Na presidência Lula logo deu sinais de que jamais levaria adiante todas as promessas que fizera ao longo de 12 anos de campanhas presidenciais. E o mercado financeiro de opositor passou a aliado do governo, batendo recordes de lucratividade ano após ano no governo petista, que ao comando de Antonio Palloci na Ministério da Fazenda e de Henrique Meirelles no Banco Central ( filiado ao PSBD na época) e mais uma infinidade de técnicos do próprio PSDB que ajudaram a manter a economia nos moldes do governo anterior, o presidente conseguiu manter relativa estabilidade econômica no início do seu mandato.

O aparelhamento do Estado foi uma forte marca do governo Lula, e de todos os governos petistas em geral. O loteamento de cargos essencialmente técnicos eram preenchidos de forma totalmente corporativista. E a mídia amiga, como diria Rogério Mendelski, dava ampla e parcial cobertura ao presidente, e mais do que isso, ainda patrulhava qualquer tentativa de desestabilização do governo, por qualquer um que fosse, que logo seria acusado de reacionário, direitista, ditador e outros adjetivos menos qualificados, pois eram meros despeitados que não se conformavam com a “chegada do povo ao poder”. Somado a isto, deve-se levar em conta também que o PT mantém e sempre manteve relações carnais com movimentos ditos sociais ( MST, MLST, etc), sindicatos ( CUT ) e com os estudantes ( UNE ).
Este era o cenário no início do governo Lula, democracia consolidada, economia estabilizada, apoio dos principais movimentos sociais de trabalhadores e estudantes, ampla cobertura e apoio da mídia, cenário econômico internacional favorável e finalmente, maioria do congresso com a adesão do PMDB ao governo. Enfim, reuniam-se ali todas as condições para o governo Lula definitivamente entrar para a história como um governo de reformas e realizações. Infelizmente, não foi nada disto do que aconteceu

A destruição da Fábula



O Governo do PT passou incólume durante seu primeiro ano, o presidente Lula era só sorrisos, bravatas e metáforas futebolísticas. No início de 2004, começaram a respingar na virginal ética petista os primeiros escândalos de corrupção. Era o caso Waldomiro Diniz, assessor, braço direito e amigo pessoal do homem forte do governo, José Dirceu. Waldomiro fora flagrado com câmeras de vídeo achacando o bicheiro Carinhos Cachoeira, negociando o favorecimento em concorrências, em troca de propinas e contribuições para campanha eleitorais. Dirceu chutou Waldomiro pra escanteio e Lula apaziguou a situação. Mal sabia ele que muito mais estaria por vir. Junto a isso já era perceptível a farsa do Programa Fome Zero, o programa carro chefe da presidência, muito mais alicerçado em uma estratégia de marketing do que em realizações efetivas.

A esta altura o presidente Lula já tinha como aliados figuras de reconhecida idoniedade na história política do Brasil, tais como José Sarney, Renan Calheiros, Valdemar Costa Neto, Jader Barbalho, Roberto Jefferson, etc. Este último,como sabemos todos, foi o grande deflagrador do maior escândalo de corrupção da história moderna da nossa república. Era o mesmo deputado que pertencia a chamada “tropa de choque” do ex-presidente Fernando Collor de Mello, e que Lula afirmava que assinaria um cheque em branco. O fato é que Roberto Jefferson colocou o governo Lula de joelhos perante a opinião pública. Conhecedor de todos os mecanismos de Brasília, Roberto Jefferson desnudou o presidente, pautou o governo e mandou ; “Sai daí, Zé ( referindo-se a José Dirceu), que dias depois, pediu demissão, a contrário do que Lula mentiu no Jornal nacional ao afirmar que demitira Dirceu e Palocci.

O governo virou uma caricatura de si mesmo. Logo o governo que vomitava a palavra ética em todos os discursos se vê em voltas de escândalos do compra de deputados, com o marqueteiro oficial do partido Duda Mendonça confessando o caixa dois, as contas em paraísos fiscais. Milhões jorrando das contas do Valerioduto do Banco Rural, deputados petistas envolvidos até o pescoço com falcatruas, assesores flagrados com dinheiro escondido em roupas íntimas, a lista de crimes era interminável. E o presidente totalmente perdido no oceano de denúncias, nada sabia. Nunca o governo esteve tão fragilizado, mas a oposição foi covarde, achando que se deixasse Lula sangrando, desacreditado, as eleições de 2006 seriam favas contadas. E o PSDB errou sim ao não punir o senador Eduardo Azeredo comprovadamente envolvido com a caixa dois financiado por Marcos Valério.Não, não era a mesma coisa, mas o partido tinha a obrigação de dar o exemplo em um momento em que a estrutura política brasileira se encontrava tão fragilizada.

Claro que é muito fácil apontar hoje os erros cometidos um ano atrás. Mas a oposição teve todas as condições para pedir o impeachment do presidente, e não o fez por oportunismo exagerado e desnecessário. Por muito menos Collor foi deposto. PC Farias e Paulo Okamoto, que pagou dívidas do presidente com recursos sem origem comprovada, tem mórbida semelhança.

O resultado é o que temos hoje, com Lula superando o PT em credibilidade e se credenciando para mais quatro anos no poder. Lula é ignorante, não gosta de ler, tem pouco estudo e certa antipatia por intelectuais. Mas não é burro. Está a frente hoje de uma máquina de esmolas, distrubuídas indiscriminadamente entre diversos segmentos da sociedade. Aos mais pobres, o bolsa família, antigos programas sociais de FHC unificados em um só, com a desvantagem de este ser um programa de mera distribuição de recursos, sem uma perspectiva de crescimento. Aos estudantes o Prouni, programa que distribui bolsas a estudantes sem levar em consideração a qualidade da instituição de ensino, criando no futuro uma massa de encéfalos ( esperem pra ver ). O presidente jacta-se também de aumentar o número de empregos, manipulando descaradamente os números do CAGED, que teve sua base de cálculo modificada. Pois é, nem ao menos agora o presidente tenta ser ético. Na economia também vamos mal, o Brasil tem um crescimento econômico pífio, e isto sem enfrentar qualquer crise econômica com enfrentou FHC ( Tigres asiáticos, México e Rússia). E não para por aí, Podemos falar nos gastos absurdos para o avião presidencial, na mal sucedida missão do Brasil impor-se como líder da América Latina, sendo frustado por Chaves, no desrespeito boliviano roubando a Petrobrás, onde tivemos um presidente absurdamente passivo.

Então, eu pergunto, porque Lula será reeleito? Porque espertamente COMPROU nossas consciências, seja com bolsa-família, com Prouni, com o aumento no último ano do salário mínimo, com o aumento do funcionalismo público, fomos todos comprados e não estamos nem um pouco preocupados com isso. Tanto que vamos absolver o presidente nas urnas, com o argumento do velho “ rouba, mas eu ganho com isso”. Os que desiludiram-se agora cantam aos quatros ventos que todos são iguais. Não são não. É a hora de distinguir melhor as coisas, menos preguiça mental e menos comodismo. Teremos quatro anos de Lulismo pra pensar melhor nossos erros. Se o eleitor não aprender até lá, não aprende mais. Ou muda agora, mas não é o que o Datafolha indica.