quinta-feira, setembro 07, 2006

Lula - Uma decepção nacional


Eu pensava em escrever este artigo no dia das eleições. Mas com o resultado da última pesquisa do Datafolha que confere ao presidente Lula inacreditáveis 51% de intenções de votos na pesquisa induzida, e 41% na espontânea, significando que a imagem do presidente está fortemente presente na memória do eleitor, me senti na obrigação de fazer um mea culpa. Afinal, o máximo que posso fazer a respeito disto é expressar minha incredulidade e indignação nestas linhas mal escritas.

Muitos analistas e a mídia especializada em geral vem divulgando esta como uma das eleições mais monótonas e com fraca participação popular do Brasil desde a redemocratização. A apatia geral da população tem origem no desencantamento desta para com os dos políticos brasileiros. Discordo. O brasileiro realmente nunca se interessou muito por política, mas o resultados das pesquisas de opinião mostra que o brasileiro absolve o presidente Lula, pois lhe confere vitória esmagadora, Então, é necessário questionar-se porque o presidente merece tanto respaldo. Vamos tentar analisar os fatos.

Quando Lula venceu as eleições em 2002, criou-se um grande clima de expectativa em relação ao futuro governo. Aos que acreditavam nas promessas do ex-sindicalista, gerou-se grande apreensão. O mercado financeiro torcia o nariz e o dólar bateu perto de R$ 4,00 e o risco país atingiu 2.440 ( hoje em pouco mais de 200 pontos). Mas Lula tinha importantes aliados na mídia que encarregavam-se de escrever a fábula do “operário” ( alguém lembra a última vez em que Lula realmente trabalhou na vida?) que chegou ao poder. Na presidência Lula logo deu sinais de que jamais levaria adiante todas as promessas que fizera ao longo de 12 anos de campanhas presidenciais. E o mercado financeiro de opositor passou a aliado do governo, batendo recordes de lucratividade ano após ano no governo petista, que ao comando de Antonio Palloci na Ministério da Fazenda e de Henrique Meirelles no Banco Central ( filiado ao PSBD na época) e mais uma infinidade de técnicos do próprio PSDB que ajudaram a manter a economia nos moldes do governo anterior, o presidente conseguiu manter relativa estabilidade econômica no início do seu mandato.

O aparelhamento do Estado foi uma forte marca do governo Lula, e de todos os governos petistas em geral. O loteamento de cargos essencialmente técnicos eram preenchidos de forma totalmente corporativista. E a mídia amiga, como diria Rogério Mendelski, dava ampla e parcial cobertura ao presidente, e mais do que isso, ainda patrulhava qualquer tentativa de desestabilização do governo, por qualquer um que fosse, que logo seria acusado de reacionário, direitista, ditador e outros adjetivos menos qualificados, pois eram meros despeitados que não se conformavam com a “chegada do povo ao poder”. Somado a isto, deve-se levar em conta também que o PT mantém e sempre manteve relações carnais com movimentos ditos sociais ( MST, MLST, etc), sindicatos ( CUT ) e com os estudantes ( UNE ).
Este era o cenário no início do governo Lula, democracia consolidada, economia estabilizada, apoio dos principais movimentos sociais de trabalhadores e estudantes, ampla cobertura e apoio da mídia, cenário econômico internacional favorável e finalmente, maioria do congresso com a adesão do PMDB ao governo. Enfim, reuniam-se ali todas as condições para o governo Lula definitivamente entrar para a história como um governo de reformas e realizações. Infelizmente, não foi nada disto do que aconteceu

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