domingo, outubro 22, 2006

Privatizar sim, porque não?


O debate eleitoral no Brasil é tão fraco, mas tão fraco que por vezes desestimula. São tantos idiotas falando bobagens que às vezes é necessário tomar fôlego pra não acabar contaminado pela cretinice. E a patrulha anda solta, vejam vocês. O tema preferido para discussão são as privatizações. Como é possível que um país que postule uma liderança continental ainda esteja preso a questões tão patéticas? Porque Alckmin e o PSDB não assumem sua posição e defendam as privatizações e o governo FHC? Por isso que de cada dez pessoas ouvidas, em torno de sete são contra as privatizações e torcem o nariz para Fernando Henrique. Tivesse os líderes tucanos a coragem para debater e defender seu ex-presidente e talvez esta eleição não estivesse totalmente perdida como está hoje.

Vamos por partes. Se FHC teve problemas no governo, e é claro que os teve, porque deixar o PT pautar a discussão do antigo governo como herança maldita? Herança maldita era a inflação brasileira que FHC conseguiu controlar, primeiro como Ministro da Economia e depois como Presidente da República. E por favor, não me digam que quem criou o plano real foi Itamar, um pouco mais de bom senso. Itamar é um bobalhão, que tentou reativar a produção de, vejam vocês, fuscas. Sinistro, muito sinistro.

Parece-me que até hoje Fernando Henrique não recebeu os devidos créditos por sua realização. Este sim foi um presidente que entrou para a história, ao contrário de Lula que possui esta pretensão e realmente se julga um estadista. Vejam um pequeno exemplo, principalmente para as gerações mais jovens que não conviveram com hiperinflação e Mara Maravilha nos anos 80. Pegue um exemplo de um grande supermercado, que faz uma grande compra de determinado fornecedor, e coloca este produto em promoção nas gôndolas. Suponhamos que ele tenha comprado a 10 e venda-os a 8. Isto mesmo, perdendo hipoteticamente 2 por cada produto vendido. Suicidio? Talvez hoje, mas em tempos de hiperinflação era diferente. O pagamento, normalmente era negociado para 60 dias, mas o estoque era vendido em até 7 dias, até pelo seu preço abaixo de custo. Bastava então aplicar o montante recebido até a data de pagamento, que, através de seu excepcional rendimento devido à hiperinflação cobria o montante do fornecedor a ainda sobrava o lucro. Resumindo, a receita financeira era o grande pilar de sustentação do empreendimento. Então, porque se preocupar em enxugar custos, eficiência, concorrência, gestão profissional? Por isso o plano real desagradou a muito acostumados a ganhar dinheiro fácil. Hoje a concorrência é pautada pelo preço, e nós, consumidores, somos os grandes beneficiados.

Outra sandice é que FHC vendeu o patrimônio nacional aos exploradores estrangeiros do capital internacional e especulativo. Quanto chavão numa frase! Sugiro aqueles que criticam as privatizações que atirem agora mesmo seu celular contra a parede. Isto mesmo, não dá pra ser crítico de algo e ser beneficiário ao mesmo tempo. E outra, trate de fechar sua internet e nunca mais navegue no cyber espaço. O exemplo da privatização da Telebrás é o exemplo bem sucedido do quanto acertado foi a venda de estatais deficitarias que, no controle da inicativa privada, deram uma guinada em sua gestão e tornaram-se empresas saudáveis e lucrativas, gerando empregos e pagando impostos ao governo. Qual a dificuldade de aparecer num programa de Geraldo Alckmin uma pessoa humilde falando ao telefone? Até Lula lembrou que hoje o pobre tem celular. Ainda bem que tem, mas se dependesse dele e do seu partido, ainda teríamos filas de espera de até 2 anos por um celular ( analógico) e talvez alugar um telefone fixo. SI, isto mesmo, aluguel de telefone era um negócio rentável em tempos antigos. Precisava-se tão somente de ter um "peixe" dentro de alguma estatal telefônica para garantir o seu.

Podemos citar mais exemplos, como a Vale do Rio Doce, hoje uma das empresas mais rentáveis e eficientes do mundo, graças ao controle privado. Tivessem estas empresas ainda com controle do governo, a história seria bem diferente. Isto porque o Estado não tem vocação para ser empresário, suas empresas estatais são ineficientes o onerosas aos cofres públicos, e o que é pior, são a fonte de corrupção para os políticos. Bancos estaduais não passavam de caixa forte para suprir eventuais rombos em governos mal administrados. Talvez por isso mesmo muitos ainda defendam as estatais com unhas e dentes, pois perderiam gordas tetas para mamarem. Saliente-se que este processo foi efetuadoatravés de leilão público, de forma clara e transparente.

Com exceção de Luiz Carlos Mendonça de Barros, que desafiou o Ministro Tarso Genro para debater sobre as privatizações, é de uma raridade impressionante pessoas dispostas a defender esta bandeira. Onde estão as pessoas com discernimento e que não aceitam ser pautadas pela mídia petista e manipuladora, que trata da questão das privatizações um tema diabólico. Talvez por uma questão cultural, o brasileiro ainda espere tudo do governo, a exemplo do governo locomotiva da economia de JK e dos militares, os maiores criadores de estatais no Brasil. Desta forma, o governante torna-se, porque não, o "pai dos pobres" como Getulio Vargas, título que hoje Lula quer expropiá-lo.

O Estado arrecada muito e gasta mal. O Estado não me deu nada mais do que um ensino público sem qualidade e uma saúde indecente. Não espero e nem quero mais nada do governo. Tudo o que consigo, pago a muito custo domeu próprio esforço. Só espero que o governo não queira enfiar a mão no meu bolso novamente pra suprir suas ineficiências. Como já disse Diogo mainardi brilhantemente em uma coluna, a luta de classes no Brasil não se sá entre ricos e pobres e sim entre Estado e Sociedade.

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