terça-feira, outubro 03, 2006

Voto não é arma, mas também pode matar


Cezar Schirmer é advogado e professor universitário, natural de Santa Maria, tem 54 anos e é deputado federal pelo PMDB, até hoje seu único partido. Já ocupou diversos cargos públicos, entre eles Deputado Estadual, Secretário da fazenda, Secretário da Agricultura, Presidente da Assembléia Legislativa, presidente do PMDB /RS, entre outros. Foi eleito o mais jovem Deputado do Estado em 1974 com apenas 22 anos de idade. Em sua última legislatura na Câmara ganhou destaque com o excelente trabalho como relator do processo de cassação do ex-presidente da camara, João Paulo Cunha. O trabalho de Schirmer, segundo especialistas, foi uma peça tão bem fundamentada que há muito tempo não se via no Congresso. Este trabalho custou-lhe dias e noites de trabalho incessante, em Sábados e Domingos de envolvimento total com o seu trabalho. O resultado disto foi um relatório de 168 páginas devastador, em que Schirmer pediu a cassação do mandato de João Paulo, comprovadando seu envolvimento no esquema de Marcos Valério, com um saque rastreado no Banco Rural de R$ 50.000,00, efetuado por sua esposa.

Apesar de seus esforços, a Câmara absolveu João Paulo Cunha por 256 votos a favor contra 209 contra, assim como outros sete comprometidos com o esquema da SMPB. Você agora pode praguejar e chamá-los de corruptos corporativistas. Mas corruptos corporativistas eleitos com o seu voto. O que fez o eleitor em relação à isso? Reelege João Paulo Cunha em São Paulo, e Cezar Schirmer, como recompensa por sua brilhante legislatura, não obteve votos suficientes para voltar à Brasilia em 2007. E ainda tem gente que continua dizendo que o povo não é mais bobo.

Usei o exemplo de Schirmer porque ilustra bem parte do eleitorado brasileiro nestas eleições. E o fato de ambos serem de Estados diferentes não me parece mudar muita coisa, pelo menos não a idéia original, de que é falsa a afirmação de os eleitores promoveriam uma faxina dentro do Congresso. E São Paulo, convenhamos, não deixou barato. Elegeu de Frank Aguiar a Jair Bolsonaro, de Paulo Maluf ( mais de 700.000 votos!!!!!) a José Genoino. É o verdadeiro samba do crioulo doido, tem para todos os gostos. O mais notório candidato freak eleito, foi, sem sombra de dúvida Clodovil, que a esta altura já deve estar pensando no modelito que usará para o dia da posse. Sinceramente, o que leva uma pessoa a votar em CLodovil, senão o descrédito no sistema político brasileiro? E com atitudes assim, como esperam alguma mudança?

Já por estas plagas não foi muito diferente. O "povo mais politizado do Brasil" foi fiador de mandatos para Paulo Borges ( o homem do tempo da RBS) e a Mano Changes ( o sequelado vocalista da banda Comunidade Nin-Jitsu). Ambos estreantes em eleições, tiveram votação surpreendente, mais de 100.000 votos para Paulo Borges ( o mais votado para Estadual ) e mais de 40.000 para o "Grande Presença". E o Cururu, aquele candidato que aprecia pilchado no horário eleitoral, também quase chegou lá, teve mais de 20.000 votos.

Mas nada superou o feito da locomotiva Manuela Dávila, do PC do B. Mais de 270.000 inacreditáveis votos para a vereadora comunista, que teve uma campanha nada modesta, com a confecção de bonecos à sua semelhança e gingles de campanha, milhares de cartazes espalhados pelas ruas, o partido não poupou esforços e recursos para elegê-la. E acertou em cheio em sua estratégia de marketing, que apresentou a jovem e mulher Manuela como candidata, sem deter-se em alguma plataforma de campanha com alguma proposta concreta. Se ela mereceu tantos votos, eu não sei. Aliás, sei sim, que ficar em cima do muro não é comigo. É muito pra bolinha da pequena. Sozinha em Brasilia e com a cláusula de barreira no partido, vai ter que se escorar na bancada petista para ter algum respaldo e não ser jantada pelos tubarões de Brasilia. Sua plataforma, não pderia ser diferente, é voltado às questões da juventude, educação, luta contra o FMI, ao servilismo às grandes potências, ao neoliberalismo de FHC e dos tucanos e outras tantas bobagens típicas dos comunistas. O PT irá usar bastante a imagem de Manuela na campanha do segundo turno, como mulher e como jovem. Deve aproveitar sua ascendência política atual, em que parece ter chegado ao seu ponto mais alto. É uma trajetória bastante parecida com a de Maria do Rosário, que por sinal iniciou sua trajetória política no PC do B.

E assim vamos para mais uma legislatura, federal e estadual, com alguns bons nomes e outros muitos nem tanto. Mas qual o remédio, são os males que a Democracia proporciona. Ruim às vezes com ela, muito pior sem. Muitos dizem que a urna é uma espécie de arma do eleitor. Bem, parece que a arma muita vezes dispara contra o próprio dono.

2 comentários:

Anônimo disse...

Tiro no próprio pé, conhece? O povo brasileiro tem o que merece!!

Anônimo disse...

Quero comentários sobre o debate de ontem... pra já! :)